Muito se fala nas
academias sobre “memória muscular”, “treinamento” e “destreinamento”. Muitas
vezes os conceitos são passados de pessoa para pessoa, quase sempre sem nenhum
tipo de embasamento científico. Afinal, tais situações ocorrem mesmo? Como são
seus mecanismos?
É consenso geral que, quando se pára de praticar musculação,
passado algum tempo começa-se a perder força e massa muscular de forma gradual
(atrofia muscular), basicamente perde-se uma parte dos ganhos obtidos com a musculação. Mas também acontece muitas
vezes que quando se recomeça os treinos, também se recupera em poucas semanas a
massa muscular e a força que se perdeu.
As adaptações de
cada organismo ao treinamento prolongado ocorrem como resultado dos estímulos
crescentes do exercício (atividades com cargas e seu aumento), que provocam
alterações no formato e na função da musculatura, e qualquer melhoria nesse
estado requer um grau maior de estímulos intensivos. Entretanto, quando a
pessoa para de se exercitar, estas adaptações são perdidas, o que levará a um
estado chamado de destreinamento. As razões pelas quais ocorrem a falta do
estimulo são inúmeras, podendo ser por doença, acidentes, interrupção do
treinamento, entre outros. A diminuição da capacidade de treinamento ocorre
rapidamente: em apenas uma semana de descanso total observa-se uma queda de até
7% no consumo máximo de oxigênio. Em geral, os benefícios do treinamento são
totalmente perdidos após um período de 4 a 8 semanas sem estímulos. Durante a
fase de destreinamento os sintomas mais comuns são insônia, dor de cabeça,
sensação de fadiga, falta de apetite, depressão e irritabilidade. Embora esses
sintomas não sejam considerados patológicos, os mesmos indicam a inabilidade do
organismo para se ajustar a inatividade física e podem persistir por um período
prolongado de tempo, ou seja, meses ou até anos.
Muitos são os fatores que influenciam tanto no ganho quanto na perda de
massa muscular. Entre eles, herança genética, continuidade na prática
desportiva e outros. A memória muscular é uma característica presente nas
células musculares, miócitos. Quando o indivíduo encontra-se inserido numa
atividade física, as células musculares tornam-se hipertrofiadas, ou seja,
aumentam de tamanho. Os miócitos estimulam a produção de proteína e por tal
motivo, os tecidos musculares trabalhados tornam-se “maiores”. Sempre que se
interrompe esse trabalho físico, a atividade dos miócitos é reduzida. Reduz-se
também, por consequência, a massa muscular de tal indivíduo. Porém a diminuição
da massa muscular não significa que todo o trabalho realizado durante os
período de esforço físico foi perdido. Os núcleos das fibras musculares
encontram-se estagnados, porém não inativos.
Ilustrando, verifica-se que os núcleos dos miócitos ficam à espera de um
retorno da rotina física. Quando isso acontece, já existe presente nesses uma
informação anterior devida à rotina física pré-existente. Portanto, as células
musculares encontram uma maior facilidade de retorno à atividade muscular
intensa. Sendo assim, os resultados visíveis também são mais rápidos. Tal
capacidade é denominada “memória muscular”.
Cientistas afirmam que os indivíduos praticantes de atividade física na
juventude possuem maior memória muscular do que aqueles que iniciam uma prática
esportiva na fase adulta. Tal acontecimento deve-se ao fato de ser a juventude
a fase de maior desenvolvimento muscular do indivíduo.
Ao contrário de outros tipos de células, as células
musculares possuem mais do que um núcleo, podendo chegar a conter centenas de
núcleos. O motivo pelo qual os músculos precisam de um número elevado de
núcleos, é porque são basicamente os centros de controlo que comandam as
células, e dado que as células musculares são muito maiores e também muito mais
complexas do que outras células do corpo, a presença de apenas um ou dois
núcleos é largamente insuficiente para controlar essa célula.
Por isso, quando a massa muscular aumenta de
tamanho, também é necessário adicionar mais núcleos. Isto já foi comprovado
numa série de estudos, nos quais o número de núcleos aumentou à medida que
ocorria a hipertrofia da massa muscular.
Também já foi demonstrado que os utilizadores de
esteróides anabolizantes e as pessoas com facilidade em desenvolver massa
muscular possuem um maior número de núcleos nos músculos do que o normal. Tal
como acontece quando se trata do aumento da massa muscular, acreditava-se que
acontecia o oposto quando se perde massa muscular – ou seja, que se perde
alguns núcleos devido ao fato de já não serem necessários, o que não é
verdadeiro.
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