A anorexia, assim como a bulimia, é uma disfunção
alimentar, caracterizada por uma dieta alimentar rígida e
insuficiente, que leva à baixo peso corporal e estresse físico. É uma doença
complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. A busca implacável
por magreza leva a pessoa a recorrer a estratégias para perda de peso,
ocasionando importante emagrecimento. As pessoas anoréxicas apresentam um medo
intenso de engordar mesmo estando extremamente magras.
A anorexia
nervosa afeta primariamente adolescentes, sendo cerca
de 90% do sexo feminino,
sendo cerca de 40% dos casos entre adolescentes. Cerca de 1 em cada 300
habitantes de países desenvolvidos já foram diagnosticados esta doença.
Tem sido
enfatizada, em debates populares, a importância da mídia para o desenvolvimento
de desordens como anorexia e bulimia, por alegadamente promover ela uma
identificação da beleza com padrões físicos de magreza acentuada. Qualquer
papel a ser exercido pela cultura de massa na promoção dessas desordens, no
entanto, está ainda para ser demonstrado. Na busca da etiologia de perturbações
da saúde mental, inclusive da anorexia nervosa, comumente são procuradas causas
de ordem intrapsíquico, ambiental e genético.
As causas exatas
da anorexia nervosa são desconhecidas. Vários fatores provavelmente estão
envolvidos. Os genes e os hormônios podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento.
Atitudes sociais que promovem tipos de corpos muito magros também podem estar
envolvidas.Os fatores de risco para a anorexia incluem:
•
Busca pela perfeição ou foco exagerado em regras
•
Ser muito preocupado ou dar muita atenção ao peso e à forma
•
Problemas de alimentação quando bebê ou na primeira infância
•
Determinadas ideias sociais ou culturais sobre saúde e beleza
•
Autoimagem negativa
•
Transtorno de ansiedade quando criança
A anorexia, embora menos comum, também afeta os homens
Alguns estudos sobre desenvolvimento de transtornos alimentares
envolvendo irmãs gêmeas têm sugerido um fundo genético para o desenvolvimento
da anorexia.
Pais e mães de pacientes diagnosticadas com
essa desordem possuem, relativamente a grupos de comparação da população não
seleta, níveis mais elevados de perfeccionismo e preocupação com a forma
física.
Em relação às
características psicológicas dos pacientes com anorexia, podemos destacar:
•
Independentemente do subtipo de anorexia desenvolvida, restritiva ou
purgativa, anoréxicas possuem, relativamente a pessoas saudáveis de sua idade e
sexo, uma incidência maior de transtornos da ansiedade (especialmente o
transtorno obsessivo-compulsivo) e do humor.
•
Níveis exageradamente elevados de perfeccionismo (busca por padrões
de conquista e realizações notavelmente altos, necessidade de controle,
intolerância a "falhas" ou "imperfeições") são comuns, e
mesmo centrais, no desenvolvimento da anorexia. A presença dessa busca por
padrões de perfeição transcende o desenvolvimento da doença, sendo anterior a
ela e permanecendo em pacientes que já foram curadas da doença. Alguns estudos
sugerem que, apesar de uma inteligência média na faixa regular, anoréxicas
possuem níveis mais altos de performance escolar e envolvimento acadêmico, o
que sugere que o perfeccionismo nelas presente não se limita a temas
relacionados apenas com comida e forma corporal.
•
Outros traços obsessivos-compulsivos, além do perfeccionismo, são
notados na infância de anoréxicas, principalmente inflexibilidade, forte adesão
a regras estabelecidas, observação dos padrões mantidos por autoridades, etc.
•
Incidência de abuso físico ou sexual é mais elevada em grupos de
anoréxicos;
Para se
realizar o diagnóstico, é muito importante um grau de suspeita dos pais ou
familiares, pois na maior parte das vezes o doente não encara o distúrbio como
doença. Durante os exames é importante descartar primeiro outras possíveis
causas para perda de peso, como problemas endócrinos, intestinais ou outros
transtornos psicológicos.
Em relação ao
tratamento, pode ser realizado com ou sem o auxílio de medicamentos. Dependendo
da gravidade do paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da
saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem
definido são fundamentais.
Medicamentos
usados no tratamento da depressão
e da ansiedade
como fluoxetina e topiramato tem mostrado
bons resultados em transtornos alimentares, provavelmente por tratar os
pensamentos obsessivos e compulsivos, baixa auto-estima, instabilidade e
estresse que frequentemente estão associados ao quadro de anorexia.
Em relação a
abordagem farmacológico tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas
que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a
multicausalidade da doença e a resistência dos pacientes. Dessa forma, é
importante uma abordagem multidisciplinar, apoio da família e aderência do
paciente. É comum os pacientes abandonarem os medicamentos que os façam reter
líquidos e/ou aumentem o apetite, e esses são efeitos colaterais possíveis para
grande parte dos remédios psiquiátricos.
A psicoterapia
também é auxiliar no tratamento deste distúrbio, devendo ser realizada por psicólogo
ou psiquiatra gabaritado para tal.
Mesmo com
tratamento cerca de 30% dos pacientes voltam a desenvolver anorexia em menos de
5 anos. Mesmo nesses casos o tratamento é útil para melhorar a saúde geral de
76% dos pacientes.Em 42 pesquisas, cerca de 6% dos pacientes com anorexia
morreram antes da conclusão dos estudos em decorrência de problemas
relacionados ao distúrbio alimentar como cardiotoxicidade.
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