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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Obesidade infantil e suas consequências



Hoje em dia, percebe-se que as crianças já não possuem mais o hábito de sair de casa para brincar na rua, jogar futebol com os colegas, entre outros. Além disso, as facilidades do mundo moderno, como a televisão, videogame, computador, celulares e tablets fazem com que a criança e adolescente não precise levantar do próprio sofá para percorrer o mundo. Essa mudança cultural está levando à mudanças no perfil de crianças e adolescentes em todo o mundo.

A obesidade infantil é, segundo a Organização Mundial de Saúde, um dos problemas de saúde pública mais graves do século XXI, sobretudo nos chamados países em desenvolvimento. O número de crianças e adolescentes acima do peso está aumentando de forma assustadora, deixando os profissionais de saúde preocupados.
 As investigações demonstram que a obesidade e o sobrepeso constituem o problema nutricional mais prevalente entre os escolares e adolescentes em todos os níveis socio-econômicos. E quanto mais tempo uma criança ficar acima do peso, mais provavelmente ela continuará neste estado durante a adolescência e na idade adulta; além dos 6 anos ou mais, o estado de excesso de peso não desaparece espontaneamente.
As seqüelas da obesidade infantil estão aumentando, e as complicações em longo prazo têm se antecipado.
A obesidade é a causa mais comum de crescimento anormal na infância. As meninas obesas comumente têm a puberdade e a menarca (início da menstruação) antecipadas. A puberdade está ocorrendo mais cedo entre as meninas do que no passado, e isso pode estar direta ou indiretamente relacionado a um aumento geral no peso da população. O efeito da obesidade nos meninos é mais variável, podendo tanto antecipar quanto retardar a puberdade. A ginecomastia (aumento do tamanho das mamas) é um dos problemas mais comuns em meninos obesos.

Problemas da obesidade infantil

A obesidade está relacionada a uma série de fatores como hábitos alimentares e atividade física, além de fatores biológicos, comportamentais e psicológicos. Não se trata de um problema meramente estético. Além de frequentemente sofrerem "bullying" por parte dos colegas frequentemente, crianças obesas tendem a desenvolver vários problemas de saúde, como diabetes, doenças cardíacas e a má formação do esqueleto. A OMS entende que a obesidade se tornou uma epidemia, sendo que crianças obesas e com sobrepeso tendem a se tornar adultos obeso e têm maior probabilidade de adquirir mais cedo doenças não transmissíveis, como diabetes e doenças cardiovasculares. A OMS considera prioritária a prevenção da obesidade infantil

Causas da obesidade infantil

O excesso de peso pode ser causado por dois fatores importantes: a hipertrofia (aumento de tamanho das células adiposas) ou pela hiperplasia (aumento de quantidade das células adiposas). Quando uma célula de gordura é gerada, ela deverá ficar no organismo até a morte do individuo. Portanto a única maneira de eliminar o excesso de peso é a eliminação de gordura daquela célula. Por isso é tão difícil eliminar a obesidade, depois da infância e adolescência.

Muitas pessoas no dia-a-dia têm muitos compromissos durante o dia e acabam tendo de almoçar, jantar ou fazer um lanche em fast foods - um mau hábito que pode passar dos pais para os filhos e dos filhos para os netos. Os alimentos industrializados, além de serem chamativos, são produzidos levando em conta mecanismos neurobiológicos: estudos afirmam que os mecanismos responsáveis pela dependência de drogas são os mesmos que levam à compulsão alimentar. Publicada na revista Nature Neuroscience, a pesquisa comprovou, em modelos animais, que o desenvolvimento da obesidade ocorre junto a uma deterioração dos circuitos químicos do cérebro. Durante os experimentos, foram oferecidos alimentos industrializados, cocaína e heroína. Nos dois casos - de comida e drogas - os centros de prazer do cérebro se danificaram, e os ratos passaram a consumir compulsivamente tanto os produtos quanto as drogas.

Ao longo de três anos, os ratos comiam cada vez mais e se tornaram obesos. Após certo tempo, buscavam sistematicamente apenas alimentos industrializados e calóricos. Os circuitos do cérebro são tão impactados que passam a perceber a realidade do novo vício - tanto com cocaína quanto com salsichas e bacon. A modificação que acontece quando comemos esses alimentos em excesso é a superestimulação do receptor de dopamina. A dopamina é um neurotransmissor relacionado ao prazer, e quando ocorre isso com seu receptor, o cérebro reage com mudanças físicas.


Mas apesar da dieta ser muito importante, baixos níveis de atividade física têm maior relação com a obesidade do que o consumo alimentar.
 O fato de se ficar por muito tempo assistindo televisão não requer gasto energético e geralmente vem acompanhado por lanches ou alimentos de alto valor calórico. A American Heart Association (AHA) relata que, em média, as crianças assistem a 17 horas de televisão por semana. E nessa conta não é considerado o tempo que a criança passa jogando videogames ou no computador. Outro estudo concluiu que o risco de obesidade é 5 vezes maior em crianças que assistem a mais de 5 horas de televisão por dia, comparado às crianças que assistem de 0 a 2 horas por dia.
 
Estudos sobre obesidade familiar concluíram que os fatores genéticos e comportamentos adquiridos na família são importantes na determinação da obesidade. A criança descendente de uma pessoa obesa corre o risco de aproximadamente 40% de se tornar obesa; e na criança cujos ambos os pais são obesos esse risco aumenta para 80%. E a influência dos pais vai além. Uma mãe que aprecia pratos fartos e gordurosos acaba transmitindo suas preferências alimentares ao seu filho.


Muitos psiquiatras afirmam que por trás de um obeso sempre poderá existir um problema psíquico grave. Isso ainda pode ser agravado em nossa sociedade, uma vez que as crianças gordinhas sentem-se envergonhadas ou embaraçadas por causa do valor excessivo atribuído à aparência física e da visão comum de que a obesidade resulta de preguiça ou falta de força de vontade. Em muitas crianças e adolescentes, a comida constitui uma “válvula de escape”, resultando em uma maior ingestão de alimentos quando estão com ansiedade.

Além deste estopim para a gênese da obesidade infantil, os pais também são colaboradores de outro grande causador do aumento de peso: a falta de sono. É indispensável que os pais deem a atenção essencial a esse fato, acompanhando de perto a duração e a qualidade do sono de seus filhos.



Estudos afirmam que crianças que dormem pouco têm uma maior probabilidade de sofrer com aumento de peso, mesmo controlando outros fatores de risco. A cada hora de sono, a chance de a criança se tornar obesa em um futuro próximo é diminuída consideravelmente.
Foi feito um recente estudo da Universidade de Harvard, que afirma que crianças e adultos que tem sono irregular e um relógio biológico indefinido têm um maior risco de obesidade e as crianças, principalmente, passam grande parte do tempo em redes sociais e jogos virtuais, passando assim da sua hora de dormir, podendo aumentar os riscos de obesidade.

Tratamento


No tratamento do excesso de peso infantil é importante notar que, exceto nos casos de obesidade severa, a perda de peso não é tão necessária quanto a manutenção do peso. Quanto menor a criança, mais pertinente se torna esta concepção. Se o peso é mantido, a criança pode crescer dentro de seu peso atual.
Para aquelas crianças que realmente necessitam de perda ponderal, é seguro emagrecer até 1 kg por mês. Nos casos de obesidade muito severa pode-se até perder mais do que isso, mas o tratamento deve ser monitorado de perto pelo pediatra e pelo nutricionista, para garantir um crescimento adequado e uma boa nutrição.


Uma dieta alimentar para a criança ou mesmo para os pais que não estiverem prontos para mudanças pode não somente ser uma perda de tempo, mas também tornar-se perigoso. Uma intervenção mal sucedida pode diminuir a auto-estima da criança e prejudicar esforços futuros para normalizar o peso. Se a criança pequena não estiver pronta para mudanças comportamentais, os pais podem modificar sozinhos a dieta e a atividade física



O tratamento da criança obesa deve ser feito pelo médico em conjunto com o nutricionista e deve começar assim que a obesidade ou o sobrepeso for diagnosticado, pois o risco da criança permanecer obesa aumenta com a idade. Existem algumas modificações na rotina familiar que podem fazer uma grande diferença para ajudar a criança a emagrecer sem muito sofrimento:
- preparar as refeições de maneira que possam ser saboreadas por toda a família, para que a criança não se sinta excluída;
- servir as refeições em porções controladas, em vez de colocá-las em travessas, para evitar o consumo de grandes quantidades e a repetição dos pratos;
- fazer com que as porções pareçam maiores usando pratos menores e colocando grande quantidade de alimentos de baixo valor calórico, como alface, agrião, tomate, palmito;
- não preparar molhos ricos em gorduras e não colocar sobre a mesa maionese, requeijão, geléias, manteiga;
- controlar o ambiente doméstico a fim de que alimentos muito calóricos não estejam acessíveis;
- manter a geladeira sempre provida de frutas, leite e iogurte desnatados, hortaliças, legumes e gelatinas;

Consequências à Saúde

Muitos efeitos adversos na saúde estão relacionados com o excesso de peso verificado entre as crianças e adolescentes. O excesso de peso na infância e, particularmente, na adolescência, está relacionado com o aumento da morbidez e da mortalidade mais tarde. Listaremos aqui os mais prevalentes:

- Asma
- Diabetes (tipo 2)
- Hipertensão Arterial
- Doenças das articulações
- Depressão
- Apnéia do sono


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