Hoje em dia, percebe-se que as crianças já não possuem mais o
hábito de sair de casa para brincar na rua, jogar futebol com os colegas, entre
outros. Além disso, as facilidades do mundo moderno, como a televisão,
videogame, computador, celulares e tablets fazem com que a criança e
adolescente não precise levantar do próprio sofá para percorrer o mundo. Essa
mudança cultural está levando à mudanças no perfil de crianças e adolescentes
em todo o mundo.
A obesidade infantil
é, segundo a Organização
Mundial de Saúde, um dos problemas de saúde pública
mais graves do século XXI,
sobretudo nos chamados países em
desenvolvimento. O
número de crianças e adolescentes acima do peso está aumentando de forma
assustadora, deixando os profissionais de saúde preocupados.
As investigações
demonstram que a obesidade e o sobrepeso constituem o problema nutricional mais
prevalente entre os escolares e adolescentes em todos os níveis
socio-econômicos. E quanto mais tempo uma criança ficar acima do peso, mais
provavelmente ela continuará neste estado durante a adolescência e na idade
adulta; além dos 6 anos ou mais, o estado de excesso de peso não desaparece
espontaneamente.
As seqüelas da obesidade infantil estão aumentando, e as
complicações em longo prazo têm se antecipado.
A obesidade é a causa mais comum
de crescimento anormal na infância. As meninas obesas comumente têm a puberdade
e a menarca (início da menstruação) antecipadas. A puberdade está ocorrendo
mais cedo entre as meninas do que no passado, e isso pode estar direta ou
indiretamente relacionado a um aumento geral no peso da população. O efeito da
obesidade nos meninos é mais variável, podendo tanto antecipar quanto retardar
a puberdade. A ginecomastia (aumento do tamanho das mamas) é um dos problemas
mais comuns em meninos obesos.
Problemas da
obesidade infantil
A obesidade está relacionada a uma série de fatores como hábitos alimentares e atividade
física, além de fatores biológicos, comportamentais e psicológicos.
Não se trata de um problema meramente estético. Além de frequentemente sofrerem
"bullying" por parte
dos colegas frequentemente, crianças obesas tendem a desenvolver vários
problemas de saúde, como diabetes,
doenças cardíacas
e a má formação
do esqueleto. A OMS entende que a
obesidade se tornou uma epidemia,
sendo que crianças obesas e com sobrepeso tendem a se tornar adultos obeso e
têm maior probabilidade de adquirir mais cedo doenças não transmissíveis, como diabetes e doenças
cardiovasculares. A OMS considera prioritária a prevenção da
obesidade infantil
Causas da
obesidade infantil
O excesso de peso pode ser causado por dois fatores importantes: a
hipertrofia (aumento de tamanho das células adiposas) ou pela hiperplasia
(aumento de quantidade das células adiposas). Quando uma célula de gordura é
gerada, ela deverá ficar no organismo até a morte do individuo. Portanto a única
maneira de eliminar o excesso de peso é a eliminação de gordura daquela célula.
Por isso é tão difícil eliminar a obesidade, depois da infância e adolescência.
Muitas pessoas no dia-a-dia têm muitos compromissos durante o dia
e acabam tendo de almoçar, jantar ou fazer um lanche em fast foods - um mau hábito que pode passar dos pais para os
filhos e dos filhos para os netos. Os alimentos industrializados, além de serem
chamativos, são produzidos levando em conta mecanismos neurobiológicos: estudos
afirmam que os mecanismos responsáveis pela dependência de drogas são os mesmos
que levam à compulsão
alimentar. Publicada na revista Nature Neuroscience, a pesquisa comprovou, em modelos animais,
que o desenvolvimento da obesidade ocorre junto a uma deterioração dos
circuitos químicos do cérebro. Durante os experimentos, foram oferecidos
alimentos industrializados, cocaína
e heroína. Nos dois casos -
de comida e drogas - os centros de prazer do cérebro se danificaram, e os ratos
passaram a consumir compulsivamente tanto os produtos quanto as drogas.
Ao longo de três anos, os ratos comiam cada vez mais e se tornaram
obesos. Após certo tempo, buscavam sistematicamente apenas alimentos
industrializados e calóricos.
Os circuitos do cérebro são tão impactados que passam a perceber a realidade do
novo vício - tanto com cocaína quanto com salsichas e bacon. A modificação que
acontece quando comemos esses alimentos em excesso é a superestimulação do receptor de
dopamina. A dopamina
é um neurotransmissor
relacionado ao prazer, e quando ocorre isso com seu receptor, o cérebro reage
com mudanças físicas.
Mas apesar
da dieta ser muito importante, baixos níveis de atividade física têm maior
relação com a obesidade do que o consumo alimentar.
O fato de se ficar por
muito tempo assistindo televisão não requer gasto energético e geralmente vem
acompanhado por lanches ou alimentos de alto valor calórico. A American Heart
Association (AHA) relata que, em média, as crianças assistem a 17 horas de
televisão por semana. E nessa conta não é considerado o tempo que a criança
passa jogando videogames ou no computador. Outro estudo concluiu que o risco de
obesidade é 5 vezes maior em crianças que assistem a mais de 5 horas de
televisão por dia, comparado às crianças que assistem de 0 a 2 horas por dia.
Estudos
sobre obesidade familiar concluíram que os fatores genéticos e comportamentos
adquiridos na família são importantes na determinação da obesidade. A criança
descendente de uma pessoa obesa corre o risco de aproximadamente 40% de se
tornar obesa; e na criança cujos ambos os pais são obesos esse risco aumenta
para 80%. E a influência dos pais vai além. Uma mãe que aprecia pratos fartos e
gordurosos acaba transmitindo suas preferências alimentares ao seu filho.
Muitos psiquiatras afirmam que por trás
de um obeso sempre poderá existir um problema psíquico grave. Isso ainda pode
ser agravado em nossa sociedade, uma vez que as crianças gordinhas sentem-se
envergonhadas ou embaraçadas por causa do valor excessivo atribuído à aparência
física e da visão comum de que a obesidade resulta de preguiça ou falta de
força de vontade. Em muitas crianças e adolescentes, a comida constitui uma
“válvula de escape”, resultando em uma maior ingestão de alimentos quando estão
com ansiedade.
Além deste estopim para a gênese da obesidade infantil, os pais
também são colaboradores de outro grande causador do aumento de peso: a falta
de sono. É indispensável que os pais deem a atenção essencial a esse fato,
acompanhando de perto a duração e a qualidade do sono de seus filhos.
Estudos afirmam que crianças que dormem pouco têm uma maior
probabilidade de sofrer com aumento de peso, mesmo controlando outros fatores
de risco. A cada hora de sono, a chance de a criança se tornar obesa em um
futuro próximo é diminuída consideravelmente.
Foi feito um recente estudo da Universidade de Harvard, que afirma
que crianças e adultos que tem sono irregular e um relógio biológico indefinido
têm um maior risco de obesidade e as crianças, principalmente, passam grande
parte do tempo em redes sociais e jogos virtuais, passando assim da sua hora de
dormir, podendo aumentar os riscos de obesidade.
Tratamento
No tratamento do excesso de peso
infantil é importante notar que, exceto nos casos de obesidade severa, a perda
de peso não é tão necessária quanto a manutenção do peso. Quanto menor a
criança, mais pertinente se torna esta concepção. Se o peso é mantido, a
criança pode crescer dentro de seu peso atual.
Para aquelas crianças que
realmente necessitam de perda ponderal, é seguro emagrecer até 1 kg por mês.
Nos casos de obesidade muito severa pode-se até perder mais do que isso, mas o
tratamento deve ser monitorado de perto pelo pediatra e pelo nutricionista,
para garantir um crescimento adequado e uma boa nutrição.
Uma dieta alimentar para a criança ou
mesmo para os pais que não estiverem prontos para mudanças pode não somente ser
uma perda de tempo, mas também tornar-se perigoso. Uma intervenção mal sucedida
pode diminuir a auto-estima da criança e prejudicar esforços futuros para
normalizar o peso. Se a criança pequena não estiver pronta para mudanças
comportamentais, os pais podem modificar sozinhos a dieta e a atividade física
O tratamento da criança obesa deve ser
feito pelo médico em conjunto com o nutricionista e deve começar assim que a
obesidade ou o sobrepeso for diagnosticado, pois o risco da criança permanecer
obesa aumenta com a idade. Existem algumas modificações na rotina familiar que
podem fazer uma grande diferença para ajudar a criança a emagrecer sem muito
sofrimento:
- preparar as refeições de maneira que possam ser saboreadas por
toda a família, para que a criança não se sinta excluída;
- servir as refeições
em porções controladas, em vez de colocá-las em travessas, para evitar o
consumo de grandes quantidades e a repetição dos pratos;
- fazer com que as
porções pareçam maiores usando pratos menores e colocando grande quantidade de
alimentos de baixo valor calórico, como alface, agrião, tomate, palmito;
- não
preparar molhos ricos em gorduras e não colocar sobre a mesa maionese,
requeijão, geléias, manteiga;
- controlar o ambiente doméstico a fim de que
alimentos muito calóricos não estejam acessíveis;
- manter a geladeira sempre
provida de frutas, leite e iogurte desnatados, hortaliças, legumes e gelatinas;
Consequências à Saúde
Muitos efeitos adversos na saúde estão
relacionados com o excesso de peso verificado entre as crianças e adolescentes.
O excesso de peso na infância e, particularmente, na adolescência, está
relacionado com o aumento da morbidez e da mortalidade mais tarde. Listaremos
aqui os mais prevalentes:
- Asma
- Diabetes (tipo 2)
- Hipertensão Arterial
- Doenças das articulações
- Depressão
- Apnéia do sono
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